É a necessidade ou um impulso natural o que faz com que uma pessoa bote o pé na estrada - que sussura em seus ouvidos que é hora de levantar âncora e buscar novos horizontes apenas para descobrir o que existe lá do outro lado? A vontade de viajar - de abrir nossa mente e ir além daquilo a que estamos habituados - é tão velha quanto a própria humanidade. Santo Agostinho dizia: "O mundo é um livro, e os que não viajam acabam lendo só uma página." Não importa se estamos partindo para férias em Presidente Figueiredo ou para um lugar extremamente exótico: viajar nos transforma - às vezes de modo superficial, às vezes de maneira profunda. É como uma sala de aula sem paredes.
Acho que todos somos mais arrojados e temerários quando somos adolescentes. Desejamos viver experiências radicais, provar de coisas novas, não ter a obrigação de dar satisfações a ninguém, de sair por aí - sem lenço e sem documento - desbravando o mundo. Eu já fui bem mais assim do que sou hoje. Já tive meus dias de Indiana Jones, onde qualquer viagenzinha para Itacoatiara era sinônimo de aventura. Hoje estou bem mais comedida que antes, mas ainda tenho um pouco de 'exploradora do mundo' na veia. Há alguns meses, eu li uma crônica de Danuza Leão para a revista Cláudia, e nessa crônica ela falava sobre Paris e os encamentos da cidade da luz. Tive que concordar com ela, pois acho Paris uma cidade fascinante mesmo. Nessa crônica, ela encorajava as pessoas a visitarem Paris... mas sem a companhia do amor de suas vidas ou da melhor amiga. Ir a Paris sozinha... Sozinha mesmo. Sozinha da Silva. E permitir-se passar um tempo lá sem dar satisfações a ninguém sobre seu paradeiro. Mas será que hoje isso é possível? I mean, viajar para algum lugar e simplesmente desaparecer para o mundo?
Bem, eu tive essa oportunidade quando era mais nova. Poupei dinheiro. Contei com a ajuda da minha família e sai para o mundo all by myself, interessada em conhecer pessoas e lugares novos, mas principalmente interessada em entender o que significava estar realmente 'sozinha'. E posso afirmar que foi uma experiência pra lá de enriquecedora. Não precisava dizer a ninguém onde eu estava, o que (ou se) havia comido, quais eram meus receios ou quem eram as pessoas com quem eu me relacionava. Essa experiência me conferiu uma fortalecida na minha auto-estima. Logicamente, eu ligava pra casa e escrevia cartas esporadicamente, relatando o que eu julgava necessário e tranquilizando minha mãe, mas eu estava sozinha da silva com meus pensamentos e emoções novas.
Semana passada resolvi fazer uma viagem a São Paulo (eu disse que a idade tinha me tornado mais comedida) assim, sem lenço e sem documento e sozinha da silva. É lógico que TODO MUNDO conhece pelo menos UMA PESSOA em São Paulo, e comigo não foi diferente. Apesar dos amigos e dos contatos que eu tinha lá, eu pude me dar ao prazer de estar sozinha por algumas ocasiões... Mas aí, eu contei com algo q não contava quando era mais jovem: a tecnologia com seus mil olhos. Será que hoje alguém consegue realmente tirar férias da família, do trabalho, dos amigos, da vida que conhece tão bem? Acho que isso era possível antes do Sype, do e-mail, do MSN. Hoje, quem sabe se você for para o meio da floresta Amazônica (tipo, excursionar pelo Rio Unini), você consiga desaparecer. E mesmo assim, ainda tenho minhas dúvidas!
É claro que fazer uso dessa tecnologia é uma opção. Você pode simplesmente passar direto pelos trezentos cyber cafés que encontrar pelo caminho (a não ser que esteja na floresta mesmo). Mas a sua família, seu namorado, amigos, a sua vida, todos sabem que você está tendo experiências incríveis e querem que você conte tudinho,com todos os detalhes. Fala sério! O que custa mandar um sinal de vida? Todos os dias, é claro. Um boletim pela manhã e outro no fim do dia. E assim se deu a minha última tentativa de ficar sozinha... Eu não consegui (e CONFESSO que não sei se era exatamente o que eu queria) sentir o prazer que um viajante sente ao estar temporariamente fora de alcance, sem nenhum tipo de rastreamento. Para os que ficam, é um alívio receber notícias daqueles que estão longe, mas esses que estão longe, têm o direito ao sumiço.
Como diz Martha Medeiros, "Quem não desfruta do privilégio de deixar uma saudade atrás de si e curtir o 'não ser' e 'não ser visto' perde uma das sensações mais excitantes da vida, que é se sentir um estrangeiro universal."
Tenho uma amiga em Paris até o fim de agosto. E um convite-mais-que-reforçado para visitá-la. Talvez com ela trabalhando o dia inteiro, eu consiga me sentir uma 'estrangeira universal sozinha da silva' na cidade da Luz... vamos ver, né???? Alguém quer me acompanhar??? Mas chegando lá, cada um para o seu lado, senão, como vamos ter a sensação de estarmos relamente SOZINHOS?????
Acho que todos somos mais arrojados e temerários quando somos adolescentes. Desejamos viver experiências radicais, provar de coisas novas, não ter a obrigação de dar satisfações a ninguém, de sair por aí - sem lenço e sem documento - desbravando o mundo. Eu já fui bem mais assim do que sou hoje. Já tive meus dias de Indiana Jones, onde qualquer viagenzinha para Itacoatiara era sinônimo de aventura. Hoje estou bem mais comedida que antes, mas ainda tenho um pouco de 'exploradora do mundo' na veia. Há alguns meses, eu li uma crônica de Danuza Leão para a revista Cláudia, e nessa crônica ela falava sobre Paris e os encamentos da cidade da luz. Tive que concordar com ela, pois acho Paris uma cidade fascinante mesmo. Nessa crônica, ela encorajava as pessoas a visitarem Paris... mas sem a companhia do amor de suas vidas ou da melhor amiga. Ir a Paris sozinha... Sozinha mesmo. Sozinha da Silva. E permitir-se passar um tempo lá sem dar satisfações a ninguém sobre seu paradeiro. Mas será que hoje isso é possível? I mean, viajar para algum lugar e simplesmente desaparecer para o mundo?
Bem, eu tive essa oportunidade quando era mais nova. Poupei dinheiro. Contei com a ajuda da minha família e sai para o mundo all by myself, interessada em conhecer pessoas e lugares novos, mas principalmente interessada em entender o que significava estar realmente 'sozinha'. E posso afirmar que foi uma experiência pra lá de enriquecedora. Não precisava dizer a ninguém onde eu estava, o que (ou se) havia comido, quais eram meus receios ou quem eram as pessoas com quem eu me relacionava. Essa experiência me conferiu uma fortalecida na minha auto-estima. Logicamente, eu ligava pra casa e escrevia cartas esporadicamente, relatando o que eu julgava necessário e tranquilizando minha mãe, mas eu estava sozinha da silva com meus pensamentos e emoções novas.
Semana passada resolvi fazer uma viagem a São Paulo (eu disse que a idade tinha me tornado mais comedida) assim, sem lenço e sem documento e sozinha da silva. É lógico que TODO MUNDO conhece pelo menos UMA PESSOA em São Paulo, e comigo não foi diferente. Apesar dos amigos e dos contatos que eu tinha lá, eu pude me dar ao prazer de estar sozinha por algumas ocasiões... Mas aí, eu contei com algo q não contava quando era mais jovem: a tecnologia com seus mil olhos. Será que hoje alguém consegue realmente tirar férias da família, do trabalho, dos amigos, da vida que conhece tão bem? Acho que isso era possível antes do Sype, do e-mail, do MSN. Hoje, quem sabe se você for para o meio da floresta Amazônica (tipo, excursionar pelo Rio Unini), você consiga desaparecer. E mesmo assim, ainda tenho minhas dúvidas!
É claro que fazer uso dessa tecnologia é uma opção. Você pode simplesmente passar direto pelos trezentos cyber cafés que encontrar pelo caminho (a não ser que esteja na floresta mesmo). Mas a sua família, seu namorado, amigos, a sua vida, todos sabem que você está tendo experiências incríveis e querem que você conte tudinho,com todos os detalhes. Fala sério! O que custa mandar um sinal de vida? Todos os dias, é claro. Um boletim pela manhã e outro no fim do dia. E assim se deu a minha última tentativa de ficar sozinha... Eu não consegui (e CONFESSO que não sei se era exatamente o que eu queria) sentir o prazer que um viajante sente ao estar temporariamente fora de alcance, sem nenhum tipo de rastreamento. Para os que ficam, é um alívio receber notícias daqueles que estão longe, mas esses que estão longe, têm o direito ao sumiço.
Como diz Martha Medeiros, "Quem não desfruta do privilégio de deixar uma saudade atrás de si e curtir o 'não ser' e 'não ser visto' perde uma das sensações mais excitantes da vida, que é se sentir um estrangeiro universal."
Tenho uma amiga em Paris até o fim de agosto. E um convite-mais-que-reforçado para visitá-la. Talvez com ela trabalhando o dia inteiro, eu consiga me sentir uma 'estrangeira universal sozinha da silva' na cidade da Luz... vamos ver, né???? Alguém quer me acompanhar??? Mas chegando lá, cada um para o seu lado, senão, como vamos ter a sensação de estarmos relamente SOZINHOS?????
É amiga, eu como sou invocada da silva sumo e não dou conta do meu sumiço pra ninguém. Minha misantropia me ampara. Aprecio a solidão quando se pode optar por estar rodeado de gente, a solidão por falta de opção deve ser terrível. Pra mim não. Gosto de me sentir importante e é fabuloso receber msgs, ligações, comentários, sinais de fumaça tentando saber onde estou... Vc está certa em tudo que disse. Estar só hoje em dia impossível, mas sumir de vez em quando ainda é uma opção. Vá pra Paris, tire muitas fotos. Vamos fazer 2 álbuns. Um com fotos da época que vc foi quando adolescente (devia ter o cabelo escrotinho por isso nunca mostra hauhauahu) e um com as fotos de agora. Vai ser gira!! E há de ter uma foto com o meu nome em um cartaz. :-P
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