Ultimamente não tenho tido tempo e nem inspiração suficiente para escrever. Que bom que nunca tive meu humilde blog como uma obrigação e sim, como um lugar onde eu possa refletir - através da escrita - coisas que acontecem comigo. Mas mesmo depois de tanto tempo sem escrever, minha cabeça – como sempre – estava fervilhando de idéias, mas meus dedinhos andavam tão preguiçosos...
Ontem, assistindo o casamento do Miguel e da Luciana, me emocionei várias vezes e chorei (bem Susannah, do Espen Lind*) algumas vezes. Chorei porque as cenas foram lindas, a cerimônia e a mensagem foram tocantes, e principalmente porque o Miguel é decididamente, marido de novela: lindo, educado, gentil, bem humorado e mesmo sendo completamente irreal, todas o queriam ter. Chorei porque acredito no amor. Chorei por estar vivendo um amor cada vez mais impossível. Chorei porque não consigo ser racional (eu sei, eu sei... até cachorro aprende, mas a Julinha é uma lagartixa!). Chorei de saudade.
O que torna uma pessoa inesquecível? O fato de você lembrar dela o tempo inteiro ou o fato de você não esquecê-la por um segundo sequer? ‘Inesquecível’ é pra sempre? Esses são meus questionamentos. Hoje não sei se posso respondê-los com precisão, mas sei que há coisas que jamais vou esquecer. E sem precisar ler esse post futuramente. Mas gostaria que você, Coala, mais cedo ou mais tarde, quando ler isso, fique sabendo de algumas dessas coisas.
Jamais vou me esquecer da primeira vez que ficamos juntos. Nem da minha saia xadrez Burberry. Nem da peça 'Véu de Noiva' - que na época não entendi bulhufas de nada. Nem da vez que você tirou sua cueca no restaurante para que eu pudesse vestir, já eu não poderia fazer uma oferenda para Iemanjá vestida de preto! Nem da maneira como você sorri com a boca e com os olhos. Nem do biscoito Globo que eu comia no RJ. Nem das nossas experiências extra-corpóreas . Nem dos cogumelos que tornaram tudo que vivemos possível. Nem de quando você se emocionou quando eu disse que você era como uma imagem em cores vibrantes num mundo em preto e branco. Nem do Temaki Lounge. Nem da Estrada do Turismo. Nem dos nossos emails tentando agir como pessoas racionais e deixando a emoção nos guiar logo depois. Nem do meu primeiro beijo na chuva. Nem da vez que saí sozinha e você foi correndo me resgatar. Nem das músicas que você me apresentou. Nem do dia em que você confundiu Chico César com Gilberto Gil! Nem do balanço da Beth. Nem da emoção que senti quando peguei a Duda nos braços pela primeira vez. Nem das velas que você colocou em casa depois da nossa primeira ‘briga’ para criar um clima romântico e eu, Ogra como sou, perguntei se elas estavam acesas porque havia faltado luz na tua casa! Nem Baile do Hawaii desse ano. Nem do meu porre homérico no teu jardim que fez com que eu dormisse agarrada ao vaso sanitário porque não parava de vomitar. Nem das nossas conchinhas e da maneira como tua perna repousava sobre meu corpo. Nem das risadas e das conversas sempre sinceras e verdadeiras com você. Nem da música ‘Plush’ do Stone Temple Pilots. Nem da força que você me deu quando eu precisei. Nem do título que você me ajudou a criar para minha apresentação na Argentina. Nem do primeiro bilhete escrito que você me deu, junto com a sacola de filmes. Nem dos intervalos dos filmes que assistimos. Nem de como você aumentou minha compreensão do mundo e fez com que eu tocasse na parte mais brilhante de mim mesma. Nem do meu primeiro cachorro. Nem do segundo bilhete – esse com letra cursiva! Nem de quando você disse que eu era mais bonita que minha amiga que eu acho lindaaaaaa! Nem do dia em que me explicaste que cogumelos não eram plantas! Nem do jantar de despedida da Marta, que você esteve virtualmente presente comigo. Nem da vez que fui ao restaurante pedir o jogo de louças japonesas emprestado para fazer o jantar japonês pra ti. Nem do pior bolinho de bacalhau que já comi, vendido em unidade num boteco. Nem de como sempre me senti espiritualmente e intelectualmente livre contigo. Nem do dia em que o Todd chegou pelo correio. Nem da nossa primeira rolha de vinho juntos. Nem do post sobre o Nelson Rodrigues. Nem de quando disseste a primeira vez que estava apaixonado. Nem da primeira vez que me chamaste de ‘mané’. Nem de todas as vezes que você disse que éramos diferentes. Nem do telefone do 007. Nem da primeira música que downlodei sozinha e fui toda orgulhosa te contar. Nem da vez em que você disse que eu não precisava ser a musa inspiradora do Vinícius de Moraes porque já era de outra pessoa. Nem da maneira como tu falas espanhol. Nem do teu jeito falando óóóóóó...
Ah, são tantas coisas... Acho que eu precisaria de várias páginas pra citar tudo. Hoje não sei direito como estás, mas saibas que no dia de hoje, meus belos sentimentos - sim, pois apesar de maluca e surtadinha sou uma pessoa do bem, hehehehehhehe - estão voltados pra ti.
Saudade
“Saudade palavra doce,
Retrata-nos tanto amargor
Saudade é como se fosse espinho cheirando a flor
É uma palavra breve,
Mas tão longa de sentir
E a gente que a escreve tem,
que saber traduzir.
Um desejo de estar perto de quem longe está de nós,
Um ‘ai’ que não sei ao certo
Se é um suspiro ou se é uma voz
Um sorriso de tristeza, um soluço de alegria,
Suplício da incerteza, esperança que alivia.
Saudade é suspiro é ânsia, vontade da gente ver
A quem nos vê a distância com olhos de bem querer.
A saudade é calculada por algarismos também
Distância multiplicada pelo fator querer bem
Saudade é tristeza, é tédio que enche os olhos de ardor.
Saudade é dor que é remédio
Remédio que aumenta a dor
A palavra é bem pequena
Mas diz tanto de uma vez
Por ela valeu a pena
Inventar-se o português.”
N.R.: Espen Lind escreveu uma música linda chamada ‘When Susannah cries’ e é algo assim: “When Susannah cries, she cries a rainstorm, she cries a river, she cries a hole in the ground, she cries for love, she cries a sad song, she cries a shiver, sometimes she cries for me too (...)”.
Sempre gosto da forma como voce escreve!! Eu estou bem.. mas curioso com teus posts pouco explícitos do FB!!! Bjão pra voce!
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